quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Roberto freire,Milton Nascimento e Manoel Roxo.



Encontrei uma amiga ontem e ela me contou do seu momento de dor, a dor do desamor. Como é difícil amar e não ser correspondido disse.
A vida tem dessas coisas, quem é que nunca passou por uma situação dessas?
Continuei ouvindo minha amiga, num momento de suspiro profundo dela, dei-lhe um abraço, então pude ver seu lindo sorriso pela primeira vez em nosso encontro.
Perguntei se podia falar de um momento meu de dor lá pelos meus 20 e poucos anos e como minha vida mudou a partir dali, acenou com a cabeça que sim.

Disse-lhe que já tinha perdido (perdido mesmo porque eu os achei!) 13 kg, minha mãe estava preocupadíssima comigo, cheguei a faltar o trabalho. Foi quando me presenteei com o livro do Roberto Freire, Ame e dê vexame,minha vida mudou!

Num dos capítulos o Roberto Freire escreve que ouvia Milton Nascimento cantando Travessia: “Quando você foi embora fez-se noite em meu viver/Forte eu sou mas não tem jeito, hoje eu tenho que chorar...”, foi quando ele, Roberto Freire, escreveu: “as vezes a vida da gente parece ter fim antes de nossa morte”. Que é quando se “perde” um grande amor, parece que a vida perdeu o sentido, e de fato eu me sentia assim, sem sentido, até aquelemomento!

Ali eu dei a virada em minha vida e me recuperei, aprovetei para fazer da minha dor um momento de sabedoria, não com a genialidade do Milton ou do Roberto Freire, mas como eu podia no momento.

Amiga o que tens que aprender sobre o que acontece com você hoje, perguntei já emendando com outra pergunta: de que modo podes levar positivamente sua vida?
Ela sorriu, me abraçou e disse: vou voltar pra minha aula de violão, agradeceu e se foi.
Apesar da dor a vida pode e deve continuar...

Travessia
Milton Nascimento
Composição: Milton Nascimento / Fernando Brant

Quando você foi embora fez-se noite em meu viver

Forte eu sou mas não tem jeito, hoje eu tenho que chorar
Minha casa não é minha, e nem é meu este lugar

Estou só e não resisto, muito tenho prá falar

Solto a voz nas estradas, já não quero parar

Meu caminho é de pedras, como posso sonhar

Sonho feito de brisa, vento vem terminar

Vou fechar o meu pranto, vou querer me matar
Vou seguindo pela vida me esquecendo de você

Eu não quero mais a morte, tenho muito que viver

Vou querer amar de novo e se não der não vou sofrer

Já não sonho, hoje faço com meu braço o meu viver
Solto a voz nas estradas, já não quero parar

Meu caminho é de pedras, como posso sonhar

Sonho feito de brisa, vento vem terminar

Vou fechar o meu pranto, vou querer me matar.


Roberto Freire – Ame e dê Vexame.

“Alcançar essa leveza, essa clareza, essa pureza e essa sabedoria infantis no amor é o grande objetivo dos amantes anarquistas. A gravidade e a seriedade do amor burguês apenas escondem o objetivo de transformá-lo em instrumento de poder. Os jovens que trabalharam com a composição O seu amor quase sem exceção confessaram, muito decepcionados, ter dançado sempre que brincaram no amor. O Homo Sapiens e o Homo Faber expulsam o Homo Ludiens de dentro dos jovens quando estes se integram no sistema capitalista burguês. Então o amor possível não podendo ser lúdico, não lhes sendo permitido brincar e jogar com os próprios desejos, sentimentos e emoções, são obrigados a institucionalizar, a regrar e a utilizar os desejos, sentimentos e emoções como instrumentos dos mecanismos de poder autoritário na reprodução e na perpetuação da relação dominador/dominado.

Portanto, nada temos a temer do amor, pois ele estará sempre em nós, inteiro e pronto para ser vivido quando for chegado o momento. Uma vez liberto, ele nos fará amar tão satisfatória e naturalmente como respiramos, procriamos, nascemos e morremos. O que geralmente nos falta é a coragem de exercer a necessária liberdade para isso.”

“Quando o parceiro desiste de nos seguir nessa viagem, por medo dos riscos ou porque descobriu melhores companheiros para viajar, aprendi a aceitar, embora de início a contragosto, o seu direito a essa liberdade (como a desejo igualmente para mim). Mais ainda, descubro nessa secessão algo de sábio a meu favor também pois, se inicialmente ela me pareceu incompreensível, quando volto a me sentir em com outra companhia (que vive a mesma ideologia e tem coragem para sua prática libertária na relação amorosa), fica claro que eu estava sendo autoritário e capitalista, na relação anterior, tentando conservá-la apesar de tudo”
“Pessoalmente, isso é tudo o que desejo: o meu amor, tanto meu sentimento quanto a pessoa que amo, além de amá-los apenas do jeito que gosto, deixo-os livres para amar do jeito que gostam, até mesmo além e apesar de mim. Procuro pessoas que também amam assim. Tem sido difícil, mas acabo sempre por encontrá-las. É fascinante, assustador, maravilhoso, doloroso, prazeroso, novo, imprevisível, incontrolável, rico, poético, maluco, romântico, caótico e aventureiro”.

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