quarta-feira, 15 de junho de 2011
Falando de Amor- Manoel Roxo.
Falando de amor
Algumas pessoas me procuram no consultório, para falar de amor, do seu amor. Confesso que no amor ou na arte de amar eu sou um eterno aprendiz. Aprendo muito com as crianças, com os idosos, a inocência e a sabedoria andando de mãos dadas.
Se olharmos para trás em nossa vida, possivelmente constataremos várias formas do amar; amor de pai e mãe, amor de irmãos, o primeiro amor, amor de amigos, amor de namorados, amor com animais, é o amor, se manifestando sempre de forma magnânima,;quem o dá, o faz porque tem para dar.
Quando sou procurado para uma orientação, de modo mais frequente é em relação ao amor com o companheiro, de algum modo a relação deixou de ser boa para alguém ou para ambos. Procurar ajuda profissional nestes momento pode ser uma opção bem saudável.
Muitos dos que procuram ajuda de um profissional, ainda buscam o amor com uma idéia equivocada do que seja o amor. Há muitas idealizações, muitas fantasias e acaba-se perdendo o amor; não se percebe que ele amor, está ali presente; comparam o sentir, não se permitindo vivenciar a sua manifestação plena, por estarem preocupados com suas qualificações ou quantificações. O amor romântico que muitos buscam – se encontrado - está condenado a uma morte precoce e geralmente dolorosa.
O amor é fogo já diziam os poetas e como fogo, pode se apagar se não for alimentado, ainda assim, quando alimentado, vai haver momentos de intenso queimar e outros de uma brandura de suas chamas, assim é o amor, e há de se respeitar estas oscilações para melhor vive-lo e experimentá-lo.
Havia até alguns anos atrás no RJ um restaurante natural chamado Recanto Silvestre, em uma de suas paredes havia quatro fotos de uma mesma arvore, nas quatro estações do ano; em cada estação ela estava com uma “roupagem” nova, mas a arvore era a mesma, sua essência estava ali, ainda que ela estivesse com roupagem diferente. Assim somos nós em nossas estações da vida e em nossas relações; poderemos estar mais expansivos num momento e mais retraídos em outro, isso não quer dizer que não amamos mais e sim que estamos fluindo com a vida e, o como se flui com a vida é diferente para cada um de nós. É preciso ter isso claro e respeitar o momento de cada um, o fluir é muito pessoal...
Eu particularmente não acredito em amor pronto, acredito no amor construído, no dia a dia, onde o mesmo vai se solidificando no cuidado, carinho, respeito e cumplicidade. O amor pronto que alguns procuram pode ser uma forma de sabotagem a própria felicidade.
Acredito também que nascemos predestinados a amar. O amor é a nossa única possibilidade de continuarmos vivos, é o que faz a vida ter sentido, quem não tem amor adoece, sua vida não tem brilho,não tem luz e pode até vir a falecer.
Cada relação é uma oportunidade de amar, aprender a amar, aprender a se amar, dando uma oportunidade da vida seguir em frente. Karl Menninger disse: o amor cura duas pessoas, a que dá e a que recebe amor. Experimente o amor em sua vida. Não julgue,não critique,permita-se fluir nas ondas do amor.
O que falta hoje é um respeitar as diferenças e opções do outro. Já não se tem mais paciência com o outro, está na base da “tolerância zero”. Tudo está muito descartável, inclusive as relações. Respeitar as diferenças é a possibilidade de crescimento em toda e qualquer relação.
Quem é a pessoa ideal? Quem é a minha alma gêmea? Digo que a pessoa ideal, sua potencial alma gêmea pode ser com quem você está se relacionando hoje. Não há garantias de um alguém no futuro, pode não haver tempo para um futuro, cuide de seu amor hoje e se houver divergências, faça como disse Arthur da Távola: “adie sempre que possível com beijos, aquela conversa importante que precisamos ter, pegue-se cantando desafinado, mas todas as manhãs; enfeite com coroas de flores a cabeça da pessoa amada e não tenha medo de dizer, eu quero, eu gosto, eu estou com vontade”.
Sendo assim, tente uma vez e outra vez, se dê uma chance, de uma chance a mais ao outro, a você também,cresça no relacionar-se, cresça no amor, como disse anteriormente, o amor não nasce pronto, construa seu amor hoje.
No livro Cartas entre Amigos Padre Fábio de Melo responde a uma carta de Gabriel Chalita e cita Zygmunt Bauman, sociólogo polonês: “meu amigo Gabriel, Bauman é muito perspicaz em sua análise. O amor é cada vez mais líquido,provisório. Escorre pelos vãos dos dedos sempre que tentamos segurá-lo,porque temos medo do compromisso que dele nascerá. Ao mesmo tempo que dele necessitamos, nós o rechaçamos. Estranho,não é mesmo? Queremos o valor da moeda, mas não queremos suas duas faces. Talvez seja por isso que o amor tem sido reduzido ao horizonte das paixões, e nisso consiste a gênese de tantos medos, sofrimentos e frustrações”. Reflitamos.
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